ENTREVISTA COM DAIANI FARAJI

DAIANI

Daiani

Mario, o que te move a escrever?

Que pergunta difícil!

Ah a minha fase de garoto. Olha como a gente passa pelo tempo! Brincadeiras e brigas com os primos. Experiências, histórias da família. Conversas interessantes e misteriosas ouvidas daqui e dali; contos e causos. Vi, ouvi e incorporei quase tudo. Um dia percebi que não podia contar o aprendido com palavras uma vez que todos falavam ao mesmo tempo! Foi a minha primeira experiência em palavrório. Mas, percebi que dividindo em partes, escrevendo com alguns detalhes eu podia ler a eles um determinado aspecto do escutado e… incrível, eles ouviam! Percebi que a comunicação por escrito, deixe-me ver como te explicar, Daiani…, ela passa pela pessoa, assenta-se no pensamento dela e, hoje vejo, que a ajuda a pensar uma vez que é a minha vida, pensamentos e minhas circunstâncias que o leitor ganha.

Daiani

Existe algum tema que é recorrente no seu trabalho?

Mario

Existe sim Daiani. Sabe, há um elemento importante na comunicação com o mundo: a crítica. Ela acontece numa porção importante do que escrevo. Se alguém não tem uma atmosfera crítica de si e da existência ele não entendeu sua vida e o resultado das suas decisões na caminhada. Claro, você sabe que o criticado não gosta muito. Até xinga a gente de nome feio. Como curto a mitologia eu a reinvento nas críticas a mim e as situações pelas quais passei… Como um exemplo, numa hora dessas leia ‘O Encontro com Cherion o Conceito e a Prática’ O texto foca uma fase de alguns anos quando investi muito, demais mesmo num grupo que tinha um discurso de liberdade e espontaneidade de pensamento e vivia a realidade de uma estrutura rígida. Agora estou revendo minha escrita, diminuindo a crítica e buscando o conto que trata de situações de existência. Afinal, Daiani a vida é uma crítica inflexível, dura e paciente. Ela é bem melhor do que um cara que gosta simplesmente de contar…

Daiani

Você tem contato com seus leitores, recebe algum tipo de feed-back?

Mario

Tenho um bom contato com aqueles que chamo de meus poucos e bons leitores! Gente fina. Levanto-me todos os dias as 6.30 da matina e fico pelo menos umas duas horas respondendo e-mails e, principalmente, ouvindo com muito carinho o que eles pensam, interpretam, gostam ou não gostam dos meus escritos. Sugestões e criticas. Alguns me contam como um trecho ou observações num conto ou crônica os ajudaram a mudar um rumo ou entender melhor uma página da sua existência. Imagine! Eles me assustam e me animam. Gosto muito deles.

Daiani

Que dicas você daria a um escritor que está iniciando sua carreira?

Mario

A gente sabe que está escrevendo muito cedo na vida e lá se encontra com o gosto do escrever pelo prazer de simplesmente contar. A dica principal é que ele escreva e não se preocupe em se basear em um escritor que gosta, admira ou do momento. Só escreva e procure fazê-lo com carinho e dedicação… do jeito dele. Que ele não esquente com estilo ou erros. Os erros se vão. O estilo cresce. Que ele procure comunicar. Daiani só a gente sabe quando está realmente comunicando e gostando de fazê-lo apesar das dificuldades. Afinal, você é o seu estilo…

Daiani

Que pergunta nunca te fizeram e você gostaria de responder?

Mario

Ah é esta pergunta:

“Qual é o seu objetivo ao escrever suas histórias e estórias?”

Meu objetivo é, aos poucos, de pessoa em pessoa, encontrar leitores que se identifiquem com os conceitos e idéias que exponho nos livros. Uma busca pessoal e não estou com pressa, Daiani…

Obrigada Mario, beijo com carinho…

Mario

Daiani muito obrigado pelo grande prazer e privilégio de participar com você através desta entrevista que me deu oportunidade de repensar, ajudado pelas suas ótimas perguntas, o meu oficio de escrever.

Um grande abraço,

 

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Foto – http://jr.inventionweb.com.br/

 

 

 

 

 

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