FILOSOFIA – RICHARD RORTY – ÉTICA/PRAGMATISMO. MARIO NITSCHE

Richard Rorty

“Não há nada em nosso íntimo,

EXCETO

o que nós mesmos colocamos

Lá.”

Richard Rorty

(1931 – 2007) 

“De toda a minha alma…” é uma expressão muito ouvida para dar uma ênfase ou deixar algo na categoria do importantíssimo. A alma seria o fundamental, o interior do ser humano, o sobrenatural, o eu profundo.  Só que Rorty argumentou que a alma é uma invenção humana – é algo que nós mesmos colocamos lá. Rorty filosofou dentro do forte da cultura americana: o pragmatismo.  Um bom pragmático não pensa que: “isso representa o modo como as coisas são?”. Ele foca que: “quais são as implicações práticas de aceitar isso como verdadeiro?”

Rorty não crê que o conhecimento é a maneira de representar corretamente o mundo e ele vê duas razões para a insustentabilidade do conhecimento como representante do jeito de conhecer o mundo.

Primeiro: admitimos que nossa experiência do mundo nos fosse dada diretamente. Vamos dizer assim que é uma informação em estado bruto das coisas.  Segundo: uma vez dada ela é captada e a nossa razão começa a trabalhar nela reconstruindo, segundo NÓS mesmos, a informação de algo que não é o mundo e sim nosso modo limitado de ver alguns aspectos dele.

Tudo bem até aqui?

Rorty nos diz que a experiência como algo dado para a gente é um mito. Não se pode ‘experimentar’ um cachorro por exemplo.  Assim só nos tornamos cientes de algo por meio da sua conceituação e, mas, nossos conceitos são aprendidos pelo que? Pela linguagem! O que significa que nossas percepções estão, portanto, enredadas com nossos modos habituais de como usamos a linguagem para distinguir o mundo.  Ele prossegue dizendo que o conhecimento é limitado por contextos sociais, por nossas histórias e por aquilo que os outros ao nosso redor nos permitem afirmar. “A verdade, em suma, é o que os seus contemporâneos deixam você dizer impunemente,” diz Rorty.

Uma afirmativa forte…

Será que realmente a verdade se reduz a alguma coisa que a gente pode fazer impunemente? Rorty ficou ciente que há implicações perturbadoras em sua asserção no campo da ética. Imagine, por exemplo, um garoto de 10 anos armado com uma metralhadora e sendo tratado como um guerreiro. Se a sociedade onde ele está não tem nenhum problema em usá-lo como soldado, seria isso… bom ou…  expressão da verdade?

Rorty desistiu de idéias sobre verdades morais fundamentais. Segundo ele não pode haver certo ou errado absolutos se o conhecimento é “o que a sociedade nos deixa dizer”. Ele mesmo admitiu que é difícil de aceitar; mas, segundo ele:

“somos seres finitos cuja existência é limitada a um curto período na terra, e nenhum de nós tem um canal direto com nenhuma verdade moral fundamental mais profunda. E na ausência de leis morais absolutas temos que recorrer aos nossos próprios recursos. Somo deixados, – escreve Rorty, – com a nossa lealdade aos outros seres humanos, unidos contra a ESCURIDÃO”. 

Talvez, segundo ele, seja suficiente para a vida a humildade que advêm do reconhecimento que não há padrão absoluto de verdade. E o nobre é a solidariedade que precisamos ter com os outros seres humanos, bem como desenvolver a nossa esperança que podemos contribuir para deixar como “legado àqueles que vêm depois de nós – um mundo digno de se viver.” 

“Que tipo de mundo

Podemos preparar para

Os nossos bisnetos?”

Richard Rorty
 

Rorty nasceu em Nova York em 1931. Passou os seus primeiros anos lendo Leon Trotsky. Um dia ele disse num bate papo que já sabia aos 12 anos que “a questão do ser humano era passar a vida lutando contra a injustiça social”.  Aos 15 anos começou a freqüentar a Universidade de Chicago até o doutorado em 1956. Passou dois anos no exército e depois se tornou palestrante. Escreveu sua grande obra quando era professor de filosofia em Princeton: “A Filosofia e o Espelho da Natureza.” Produziu muitos textos em filosofia, literatura e política. Morreu aos 75 anos.

Garoootoo!

Você concorda com ele? Por quê? Ou discorda. Qual é o seu ponto de vista? Há algo além do que podemos pôr dentro de nós mesmos? Há um absoluto?  Como o conceito de absoluto aparece no seu pensamento? Justifique, explique.  Hummm. Só falta um barzinho e uma loira gelada para a gente discutir tudo isso.

RESPOSTA – VANDA MASOTTO

Sobre a filosofia de Richard Rorty.

@FOTO-VANDA MASOTTO

“Somos seres finitos cuja existência é limitada a um curto período na terra, e nenhum de nós tem um canal direto com nenhuma verdade moral fundamental mais profunda.”
Disso não tenho como discordar.
Entretanto, tenho minhas dúvidas quanto à afirmação “Não há nada em nosso íntimo, exceto o que nós colocamos lá.”
Creio que nascemos com algo mais além das nossas percepções limitadas e os conceitos que nos foram ensinados.
Creio que a alma existe sim e, é tão única quanto nossas impressões digitais, estas nos identificam enquanto seres materiais; a alma, nossa parte imaterial, onde as faculdades intelectuais e morais são gravadas, nos define.

Abraço

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