FILOSOFIA – O BAR DO MÉ EM ATENAS 450 a.C SÓCRATES E ARISTIPO

ARISTIPO DE CIRENE
Aristipo de Cirene

CRETA – BAR DO MÉ HÁ UNS 440 a.C.

O Boteco é a experiência mais antiga do homem e nele realmente se fala.

Veja só. Aristipo saiu de Cirene e foi muito longe à Atenas, para encontrar Sócrates e entrar no grupinho dele. Uma história de vida. Um dia ele convidou Sócrates para o Bar do Mé que ficava quase ao lado do Partenon. Um grande papo regado a um chope denso com aquele jeitão noruegues. Filosofaram. Resumiram seus pensamentos olhando, quando em vez, à uma bonita egípcia que os servia.

Depois disso Sócrates, instado por gente fina, puritana e tradicional de Atenas que usaram até a lei bebeu cicuta; Aristipo ficou sem o amigo e mestre. Perdeu-se em si e foi indo para Cirene, ensinando, vendo, aprendendo e procurando alguns amigos para ter companhia e ensinar.

Chegando a Cirene descobriu a discípula da sua vida. Sua filha Arete. Quem diria… Ele não voltou, ele foi a sua cidade natal, a sua filha e a aventura de criar uma escola e precisamos aprender com ele que os grupos nunca são o que pensamos, queremos ou idealizamos.

E aqui o final do conto UM GRANDE PAPO DE BAR no livro ‘A Segunda Volta na Catraca o Anti Livro.’
… e um abraço!

[…] Aristipo foi mal interpretado. São raros os documentos sobre ele e sua filosofia. Nasceu nos últimos tempos do século V a.C. e viveu até o meio do século lV a.C. Parece que tinha bens e uma boa conta bancária em Cirene.

Viajou à Creta para aprender com Sócrates. Quem sabe se não foi bem aceito pela turma do mestre dado a sua situação financeira. Surgiu um zum-zum que ele cobrava para ensinar. Verdade? Sabe-se pouco. Pode ser que tendo um bom domínio de finanças e sendo mais prático aceitou algumas contribuições o que feriu o senso existente entre os socráticos.

Depois da morte de Sócrates começou a viajar e ensinar. E um dia estava em Cirene. Sua filha foi a sua descendente espiritual. Ela teve um filho e deu a ele no nome do avô.

Como sempre acontece com as boas e dinâmicas ideias logo se formou um grupo maior. Uma escola. Posteriormente ela dividiu-se entre algumas correntes desprovidas de relevância. Esta fase foi comandada por Aniceres, Egésia, (apelidado de o persuasor da morte) e Teodoro, chamado de o Ateu.

Sobre Aristipo afirmaram que o mero prazer físico era a sua bandeira. Não creio. Quando se forma um grupo maior, os atos do grupo no seu crepúsculo bem como os quereres da maioria e algumas interpretações de frases fora do diálogo são os usados para escrever a história. Nunca se escreve a história da ideia quando surgiu bem no começo. Na essência.

E estamos em pleno jogo de possibilidades.

Imagine que abaixo do barulho provocado pelo aumento do número de pessoas e a complexidade em mantê-las se distraindo, brigando pela liderança e fazendo fofoca, o bom relacionamento entre pai e filha em torno de uma visão persistiu. Ninguém viu ou prestou atenção no simples. O caminho sobre o qual Aristipo, Arete e alguns poucos amigos andaram continuou.

Uns trezentos e cinqüenta anos depois um dos descendentes de Aristipo estava em Jerusalém. Gente, ruído, estresse e atmosfera da morte pelas ruas. Três homens iam ser crucificados. Simão o Cireneu saindo de um cafezinho foi forçado por um centurião a carregar a cruz de um deles, o mais batido e de rosto imponente e nobre. Simão carregou no seu ombro a cruz do Cristo. No final, no Lugar da Caveira Jesus com um sorriso lhe disse: “Simão obrigado. Deixe a cruz comigo agora. Ela é só minha e você me ajudou bastante carregando-a até aqui.” O homem Impressionou Simão e muito. Simão procurou ouvir mais sobre ele. Ele não pode evitar a dor, o horror da crucifixão do Cristo, mas participou dela carregando o madeiro por um trecho. Lembrou-se de um pensamento da filosofia do seu parente o filósofo Aristipo que fora discípulo de Sócrates:

“a sabedoria em administrar as circunstâncias precisa aumentar e amadurecer para lidarmos com a dor”.
Aristipo ajudou![…]

Mario Nitsche
Curitiba, 17 de agosto de 2.008

@FOTO-VANDA MASOTTO

RESPOSTA DE VANDA MASOTTO

Quando não partilhamos as mesmas ideias sempre somos mal interpretados. Parece que Aristipo, passou por isso.
Julgamentos feitos a partir de frases fora do contexto são comuns em qualquer época, principalmente dentro de grupos que, como você bem disse: nunca são o que pensamos, queremos ou idealizamos, e ao se firmar sobre a ideia de outro, manipula os participantes convencendo-os que, apesar do princípio ser válido, é sempre possível, se não necessário, “mexer”… para ajustá-lo aos interesses daqueles que têm o comando do novo grupo.
As novas ideias começam a ser incorporadas e, de repente, se tornam dogmas; destruindo assim a essência da proposta original, e escrevendo a história conforme a conveniência.
Abraço.

P.S.

Mario
Você tem um jeito gostoso de ser sarcástico; suas crônicas ambientadas na mitologia, ou mesmo em fatos reais ocorridos na antiguidade, têm como pano de fundo o ser humano e sua mediocridade. Nada embota mais o raciocínio e o bom senso do que as idéias implantadas por lideres que querem apenas “levar vantagem” da sua liderança.

Posted in Contos.