BATE PAPO COM O LEITOR – VANDA

@FOTO-VANDA MASOTTO

VANDA

“O conto que dá nome ao livro O Descanso do Homem, me tocou profundamente. Você, segundo comenta, se inspirou em um andarilho carrinheiro que encontrou em uma de suas andanças pela cidade. É comum você escrever sobre fatos do cotidiano?”
Vanda Masotto

MARIO

Vanda uma boa pergunta e uma dica: fatos do cotidiano.

Sabe, a conversa com o andarilho levantou em mim a consciência de uma experiência existencial.  Um homem inculto, simples e pobre, com uma visão da vida e da cidade e olhos abertos. Ouvi muito e cresci como pessoa.

Os ‘fatos do cotidiano’ é a fonte do nosso pensamento. Veja que quando uma criança chega ao mundo ela precisa aprender tudo e esse tudo começa a trabalhar na mente dela e criar pensamentos, conceitos, idéias, causas; forjar a própria mente; e, o mais importante… leva-la a decisões e avaliações. E eu acrescento: CONTOS. Ela precisa aprender a expressar o que está aprendendo. Tudo começa de fora para dentro.

Somos o que aprendemos e é esse processo que nos ensina.

Como gosto muito de ouvir, fazer perguntas e até consigo vislumbrar, ver as cores do que alguém está me contando, com tudo isso, mais pensamento, intuição e até coisas que estão acontecendo no momento, eu sento e começo e o conto vem!

Você conhece o Richard Rorty? Pensador americano nascido em Nova York em 1.931. Ele disse:

“Não há nada em nosso íntimo, EXCETO o que nós mesmos colocamos lá”

Não concordo totalmente com ele. Há algo em nosso íntimo que trazemos com o nosso nascimento; mas, o que se refere à caminhada aqui, precisamos aprender tudo. Daí, Vanda, vem o conto ou a arte de um modo geral que é o tempero do prato que preparamos com tudo que aprendemos.

Os fatos do cotidiano como você diz se constituem no espírito da arte.

Um abraço e obrigado.

 

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